Toda criança hiperativa tem TDAH? Como a genética pode ajudar no diagnóstico
- faissolnatalia
- 24 de out.
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Quando uma criança passa a ter dificuldades na escola, mostrar impaciência e esquecer as coisas, logo pode haver a suspeita do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Mas nem sempre essa é a causa: há outras condições a serem avaliadas, como até mesmo a falta de amadurecimento dessa criança, que pode ser normal para a idade.

Os sintomas do TDAH são divididos em duas categorias. A primeira inclui sinais de desatenção, como se distrair facilmente ou esquecer as coisas. Já a segunda categoria é sobre manifestações de hiperatividade e impulsividade, como não conseguir ficar sentado, correr pela sala de aula ou responder perguntas não feitas para ela.
Essas duas categorias são importantes para serem compreendidas porque o TDAH é muito ligado somente à hiperatividade. Porém, uma criança que só apresenta desatenção, ao invés de despertar a suspeita dessa condição, acabam sendo consideradas "sonhadoras".
O que pode ser confundido com TDAH?
Como falamos, os sintomas do TDAH acabam sendo relacionados às dificuldades na sala de aula. Porém, outras questões também podem estar ligadas a esse desafio maior no aprendizado. Um exemplo é a falta de concentração da criança por causa de ansiedade ou porque aconteceu algum evento traumático com ela.
Até mesmo o medo de sofrer bullying é um fator importante a ser considerado, especialmente de alunos com algum transtorno de aprendizagem, como a dislexia - que pode frustrá-los nos estudos. Outro ponto importante é que a criança, às vezes, só ainda não amadureceu o suficiente ou em comparação com seus colegas.
Para uma criança receber o diagnóstico de TDAH, ela deve apresentar os sintomas na escola e em casa, por um período de cerca de seis meses - justamente porque há diversos fatores a serem avaliados. Aqui, cabe um aviso importante: quando uma criança está com dificuldades para aprender, é necessário buscar ajuda de um especialista, independentemente se é TDAH ou não.
Veja algumas dicas para entender os principais sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade:
Sinais de falta de atenção causados pelo TDAH:
Passa a ter pequenos erros na tarefa escolar, sem observar alguns detalhes;
Se distrai com facilidade;
Tem dificuldades em seguir instruções;
Parece que não está ouvindo quando conversa com ela;
Tem dificuldades para organizar tarefas;
Evita fazer tarefas que exigem esforço mental, inclusive lições de casa ou tarefas em sala de aula;
Perde material escolar com frequência ou roupas como blusas.
Sintomas de hiperatividade ou impulsividade causados pelo TDAH:
Passa a se contorcer ou se agitar com frequência;
Tem dificuldades para ficar sentado;
Corre em local não apropriado, inclusive no momento errado. Pode escalar ou subir em lugares errados também;
Não consegue esperar pela sua vez, demonstrando muita impaciência;
Responde perguntas antes de serem concluídas ou mesmo interrompe as conversas dos outros;
Fala muito, de forma excessiva;
Parece estar sempre agitada.
O papel da genética no diagnóstico do TDAH
Uma pesquisa¹ identificou 27 “pontos” no genoma humano com alterações genéticas que podem aumentar o risco de TDAH. Essas variantes podem estar relacionadas à diminuição da memória de curto prazo, dificuldades na escola e outras características. Isso não representa uma deficiência cognitiva, mas sim que a dificuldade em se concentrar pode prejudicar os estudos.
Além disso, essa pesquisa mostra uma base genética comum do TDAH com outros transtornos mentais. Dessa forma, os sintomas podem se misturar e dificultar o diagnóstico mais preciso. Um exemplo é que cerca de 40% dos pacientes com TDAH também são diagnosticados com depressão, além de cerca de 15% terem também o transtorno do espectro autista.
O TDAH pode ser transmitido de pai para filho?
Apesar de não ter uma causa única específica, é cada vez mais observado pela literatura médica que o TDAH tem ligação com fatores hereditários. Outros fatores de risco para o TDAH estão associadas ao que pode ocorrer durante a gestação - ou seja, antes do nascimento da criança. Os principais são:
Pouco peso no nascimento (menor que 1,5 kg);
Traumatismo craniano;
Infecção cerebral;
Deficiência de ferro;
Exposição ao álcool, cigarro ou outras drogas
O TDAH é mais relacionado a essas diferenças genéticas e cerebrais presentes no nascimento, portanto, fatores ambientais após esse período não estão ligados ao desenvolvimento do transtorno.
Isso é importante ressaltar porque existe um mito de que o açúcar ou algum aditivo alimentar possa ser a causa do TDAH. Algumas crianças podem ficar mais impulsivas ou hiperativas após consumir esse tipo de alimento, mas isso não será a causa do TDH nelas.
Apesar desses estudos que observam as variações genéticas relacionadas ao TDAH, o diagnóstico é clínico. Para chegar ao resultado devem ser feitas entrevistas com pais e professores, testes de desempenho neuropsicológicos e análise de todos os sintomas apresentados pela criança.
[1] - Pesquisa publicada na Nature Genetics e conduzida pelos Departamentos de Genética e de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.
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