
perguntas frequentes
Um guia com as 10 principais perguntas e respostas sobre genética médica
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Quando há indicação para que sejam realizados – alerta de sintomas ou histórico de determinada doença na família, por exemplo –, o aconselhamento genético seguido dos exames genéticos pode ajudar muito ao indicar se a pessoa tem risco elevado de desenvolver determinadas condições genéticas. Ao obter esse diagnóstico, é possível tratar as fragilidades do paciente de modo assertivo. Com isso, certamente, ele terá melhor qualidade de vida.
Além disso, o diagnóstico genético pode evitar testes desnecessários adicionais, fornecer orientação antecipatória e oferecer informações sobre os riscos de recorrência para a família e o indivíduo afetado.
Os testes genéticos também são cruciais para o planejamento reprodutivo e decisões familiares informadas. Eles podem identificar membros da família em risco, permitindo intervenções precoces e decisões reprodutivas específicas. A identificação de variantes patogênicas em determinados contextos também pode indicar complicações prováveis em outros órgãos e sugerir estratégias de manejo.
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Entre esses testes, os de ancestralidade são os mais populares, prometendo dizer de onde vieram os antepassados da pessoa. Para isso, compara seu DNA com um banco de dados com objetivo de encontrar traços genéticos comuns com grupos de regiões específicas do planeta.
No entanto, é preciso lembrar que esses testes não são 100% precisos. Ocorrem distorções nos resultados a depender, por exemplo, da região de origem de sua família. Isso porque a maior parte dos dados genômicos disponíveis no banco de dados são gerados nos Estados Unidos e na Europa.
Há poucos dados genéticos de outros países e regiões. Dessa forma, esses teste são considerados recreacionais, uma vez que não há validade cientifica para dados que não sejam relacionados à hereditariedade. O recomendado é sempre consultar um geneticista para avaliar qualquer teste relacionado à saúde
- 03
As perdas gestacionais no primeiro trimestre da gravidez são frequentemente causadas por alterações cromossômicas no embrião, sendo responsáveis por cerca de 50% dos casos. Essas alterações genéticas podem ser influenciadas por fatores como a idade avançada da mãe ou do pai, a qualidade dos óvulos e fatores genéticos dos próprios pais, que podem resultar na formação de um embrião com um conjunto desequilibrado de cromossomos.
Quando uma mulher passa por uma perda gestacional, é importante realizar a análise genética do material fetal. Esse exame pode trazer informações valiosas para o casal, principalmente quando associado ao exame de cariótipo dos dois. Com esses resultados, é possível realizar um aconselhamento genético direcionado, esclarecendo dúvidas e explicando os possíveis motivos da perda gestacional.
Além das causas genéticas, outros fatores podem estar envolvidos, como questões hormonais, alterações anatômicas e doenças crônicas. Por isso, buscar uma investigação precoce e completa com o apoio de um médico geneticista é fundamental. Isso ajuda o casal a se preparar melhor e seguir com uma nova tentativa de gravidez de forma mais segura e orientada
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É importante que a criança com suspeita ou diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) seja avaliada e acompanhada por um médico geneticista.
Há mais de 500 síndromes genéticas relacionadas ao TEA. Portanto, é recomendado o acompanhamento desse paciente com um geneticista para melhor condução do tratamento ao lado da equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outras especialidades médicas.
Além disso, o TEA quando genético pode, em alguns casos, estar relacionado com alguma outra condição, como aumento de risco para câncer ou problemas cardíacos. Com base nessas informações é possível realizar ações preventivas.
Com os testes genéticos clínicos atuais, a identificação de variantes genéticas causais pode acontecer em cerca de 20% a 25% dos indivíduos. Assim, a avaliação genética é importante porque pode identificar riscos médicos associados.
É possível monitorar esses riscos e fornecer aconselhamento de recorrência para a família. Além disso, a identificação de uma etiologia genética pode guiar intervenções médicas direcionadas e ajudar a eliminar testes diagnósticos desnecessários.
- 05
Existe o estudo genético, mas ele não é um exame de rotina e precisa ser indicado com base em uma hipótese diagnóstica bem definida. Esse tipo de avaliação é recomendada quando há uma suspeita clínica, antecedentes familiares relevantes ou sinais identificados no exame físico que indiquem a possibilidade de uma condição genética.
Cada paciente é único e, por isso, não existe uma resposta única ou padrão. A indicação do estudo genético depende de uma análise cuidadosa do histórico pessoal e familiar. Por exemplo, o estudo genético pode ser indicado para pessoas com histórico de doenças hereditárias, perdas gestacionais recorrentes, malformações congênitas, síndromes genéticas, casos de câncer familiar ou doenças raras.
Os exames podem incluir painéis genéticos específicos, análise do cariótipo (para alterações cromossômicas), exoma (para identificar mutações em genes codificantes) ou genoma completo (que analisa todo o DNA). O aconselhamento genético antes e depois do exame é essencial para explicar o significado dos resultados e orientar decisões, evitando interpretações erradas ou ansiedade desnecessária.
Portanto, o “mapeamento genético” não é feito de forma generalizada, mas sim direcionado, com o objetivo de oferecer um diagnóstico mais preciso e, em muitos casos, orientar estratégias de prevenção ou tratamento individualizado.
- 06
Sim, o aconselhamento genético pode ser realizado mesmo que você não tenha informações sobre sua família biológica. Embora a falta de um histórico familiar detalhado possa limitar algumas interpretações, esse processo continua sendo muito útil porque se baseia em diferentes fatores.
O profissional de saúde começa avaliando cuidadosamente suas condições de saúde e o seu histórico médico pessoal para identificar possíveis sinais de doenças genéticas. Além disso, mesmo sem informações familiares, exames genéticos podem oferecer dados valiosos, identificando variantes genéticas que podem estar associadas a condições hereditárias quando devidamente indicados.
O aconselhamento genético também é útil para orientar medidas preventivas. Ele não se restringe apenas à análise de riscos familiares, mas pode ajudar no planejamento reprodutivo, na prevenção de doenças e no suporte psicológico. Caso exista a indicação, testes genéticos podem complementar os dados obtidos. Mesmo sem as informações familiares tradicionais, o aconselhamento genético pode trazer respostas importantes e contribuir para decisões de saúde mais conscientes.
- 07
Fazer um teste genético para descobrir uma doença sem cura é uma decisão muito pessoal e pode trazer tanto benefícios quanto desafios. Muitas vezes, as pessoas buscam esse tipo de informação para se prepararem melhor para o futuro. Saber que há um risco pode ajudar no planejamento da vida, como organizar questões financeiras, preparar cuidados de longo prazo e tomar decisões importantes, inclusive sobre ter filhos. Além disso, mesmo que não haja cura, existem tratamentos que podem ajudar a lidar com os sintomas e, em alguns casos, participar de estudos clínicos, que podem dar acesso a terapias experimentais.
Outro benefício importante é o apoio emocional. Algumas pessoas se sentem mais seguras e preparadas quando sabem o que pode acontecer, pois isso permite buscar ajuda psicológica e criar uma rede de apoio com pessoas que enfrentam a mesma situação. Também pode ser uma forma de oferecer informações importantes para a família, caso a condição seja hereditária.
Por outro lado, há também riscos emocionais. Receber um diagnóstico ou saber de um risco pode gerar ansiedade e medo, especialmente quando não há o que fazer para mudar o quadro. Por isso, é importante refletir se essa informação traria mais tranquilidade ou mais sofrimento.
Em resumo, o teste genético pode ser útil para quem quer se preparar melhor ou participar de pesquisas científicas, mas pode não ser a melhor escolha para quem prefere viver sem essa preocupação constante. Conversar com uma geneticista antes de tomar essa decisão pode ajudar muito a entender como lidar com essa possibilidade e se essa informação realmente será benéfica, por meio do aconselhamento genético.
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Sim, todos os tipos de câncer têm uma base genética, mas nem todos são hereditários. A distinção entre câncer hereditário e esporádico é fundamental para avaliar o risco e oferecer um aconselhamento genético adequado.
O câncer é, essencialmente, uma doença genética, pois envolve mutações que afetam o controle do crescimento celular e a estabilidade do DNA. Essas mutações podem ser herdadas, quando presentes nas células germinativas (óvulos ou espermatozoides), ou adquiridas ao longo da vida, quando surgem de maneira espontânea nas células somáticas. Embora o termo "genético" seja muitas vezes associado à hereditariedade, nem todo câncer é hereditário.
Os cânceres hereditários resultam de mutações germinativas que passam de geração em geração, aumentando o risco de desenvolver certos tipos de tumores.
Já os cânceres esporádicos, que representam a maioria dos casos, são causados por alterações genéticas que acontecem ao longo da vida de uma pessoa, geralmente devido a fatores como envelhecimento, exposição ambiental ou erros naturais na replicação celular. Mesmo sem um padrão familiar claro, esses cânceres também têm origem em mutações que comprometem o funcionamento normal das células.
Portanto, compreender essa diferença é essencial tanto para identificar famílias com risco aumentado, quanto para orientar estratégias de prevenção e tratamento individualizado.
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Em geral, os exames genéticos procuram alterações em um grupo de genes relacionados à suspeita diagnóstica, em diferentes painéis genéticos. No entanto, existem outros tipos de exames, como um em que buscamos alteração em uma única variante de um gene específico, geralmente já encontrada em outro membro da família.
Existem também testes que avaliam todos os genes, como o exoma, e até testes que avaliam todo o DNA.
Apenas uma profissional habilitada, nesse caso, uma médica geneticista, vai entender se deve ser solicitado algum teste e se for necessário, avaliar qual teste solicitar.
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Não, necessariamente. É exatamente por essa razão que a consulta com um médico geneticista é tão importante antes de realizar qualquer exame. Durante a avaliação, você será orientado sobre os possíveis resultados e o que eles podem significar, caso o teste seja indicado.
Algumas variações genéticas são comuns e não causam doenças, sendo apenas parte das diferenças naturais entre os seres humanos. Além disso, existem condições genéticas que podem ser classificadas como autossômicas recessivas ou dominantes. Nas condições recessivas, a doença só se manifesta quando a pessoa herda a mutação de ambos os pais. Já nas condições dominantes, uma única cópia alterada do gene, herdada de um dos pais, é suficiente para causar a doença.
Outro ponto importante é considerar a penetrância e a expressividade. A penetrância se refere à proporção de pessoas com uma mutação genética que realmente desenvolvem a doença, enquanto a expressividade variável indica que, mesmo entre pessoas com a mesma alteração genética, a gravidade e as manifestações da doença podem ser diferentes.
Se o teste genético apontar um risco aumentado para alguma condição, seu caso será avaliado individualmente, e o médico geneticista explicará detalhadamente os riscos, as implicações e as recomendações com base nos resultados, sempre considerando o seu histórico e as melhores condutas possíveis.
