Diabetes é hereditário? Casos na família podem aumentar o risco de ter a doença?
- faissolnatalia
- 14 de nov.
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O diabetes é uma doença com alta prevalência no Brasil e no mundo - só no país são cerca de 20 milhões de pessoas com essa condição, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Apesar da causa da diabetes ser bastante ligada a questões como sedentarismo e obesidade, o fator hereditário também deve ser considerado em alguns casos.

Quando há alguém próximo na família, como um pai ou um irmão, com algum tipo de diabetes, vale deixar os exames de saúde em dia. Isso não significa a certeza de que a doença vai aparecer, mas pode haver uma predisposição genética. Mas antes, vamos entender quais são os tipos de diabetes e como a hereditariedade pode influenciar.
Quais os tipos de diabetes
Há diversos tipos de diabetes, como a gestacional (que ocorre temporariamente durante a gravidez) e a LADA (Diabetes Latente Autoimune do Adulto), mas nosso foco será nos dois mais incidentes: os tipos 1 e 2.
O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica, que costuma surgir principalmente em crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Nesse caso, o paciente tem uma deficiência na secreção de insulina no organismo por causa da destruição das células do pâncreas que a produzem. Por causa disso, ele precisará de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores considerados normais, conforme orientação médica.
O fator genético é bastante presente nesse tipo de diabetes, justamente porque essa criança ou adolescente com a doença pode ter uma predisposição genética para ter a doença - e a partir da manifestação de sintomas, deve-se buscar ajuda médica para iniciar o tratamento caso confirmado o diagnóstico.
Por isso, fique alerta a sinais como fome ou sede constante, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza, fadiga, vontade de urinar constante ou náuseas e vômitos.
Já o diabetes tipo 2 está relacionado mais a fatores ambientais, como obesidade, sedentarismo, hipertensão, triglicerídeos altos e uma alimentação indevida (com alto consumo de ultraprocessados e excesso de açúcares adicionados). Sua prevalência é bem maior: cerca de 90% dos pacientes com diabetes têm esse tipo. Geralmente ela surge em pessoas com 50 anos ou mais.
A predisposição genética também pode ser um fator de risco para o diabetes tipo 2. Existem diversas variantes genéticas que juntas aumentam as chances da doença se desenvolver. Porém, em muitos casos é possível previni-la, desde que se adote hábitos de vida saudáveis, como prática de exercícios físicos e alimentação saudável (com consumo de frutas, verduras e cereais).
O risco para esses dois tipos de diabetes é fortemente influenciado pelo efeito cumulativo de múltiplas variantes genéticas comuns. Existe também o diabetes monogênicos, causadas por mutações em um único gene, de herança dominante. São mais raras e representam menos de 5% dos casos.
O diabetes monogênico mais comum é o MODY (sigla em inglês para "Diabetes de início na maturidade em jovens"), que costuma começar antes dos 25 anos e tem pelo menos 14 subtipos, como os causados por mutações nos genes GCK, HNF1A e HNF4A. A depender do subtipo, algumas características podem variar: no GCK, por exemplo, geralmente não requer tratamento; já os outros dois podem requerer medicamentos específicos e que geralmente não são utilizados como primeira escolha escolha no tratamento de diabetes, como as sulfonilureias.
Além do MODY, existem outros tipos de diabetes monogênicos como o neonatal (pode ser permanente e transitório após iniciar nos primeiros seis meses de vida) e o sindrômico (pode estar associado a surdez ou com doenças renais).
A influência da hereditariedade no desenvolvimento da diabetes
As chances de uma pessoa ter diabetes aumentam quando há alguém na família com a doença.
Se for a do tipo 1, as chances são de 30% da condição aparecer caso o pai e a mãe, ou um irmão gêmeo univitelino, tenham o mesmo tipo de diabetes. Esse percentual cai entre 1 e 8% caso o irmão não seja gêmeo univitelino ou somente um dos pais tenha a doença.
Já o diabetes mellitus tipo 2 está associado a pelo menos 50 genes que podem aumentar o risco de seu aparecimento. Mas aqui cabe o reforço: esse tipo de diabetes é mais associado aos fatores ambientais, como obesidade e sedentarismo. ou seja, é possível evitá-la.
Já no caso do diabetes monogênica, além do diagnóstico após a suspeita clínica, é necessário também o teste genético para orientar o tratamento e também iniciar um rastreamento familiar. Se for um diabetes neonatal (diagnosticado antes dos 6 meses de vida), é necessário um teste genético nesse paciente.
Outro caso é em crianças, adolescentes ou adultos jovens que são diagnosticados com diabetes, mas sem as características típicas dos tipos 1 e 2, que têm histórico familiar em diversas gerações - o teste genético deve ser para investigar um possível caso de MODY. Se confirmado, o médico pode orientar um rastreamento familiar e aconselhamento genético para os casos.
No entanto, se alguém na família desenvolveu um diabetes por causa do seu estilo de vida, a tendência é que seja uma rotina em casa a alimentação inadequada e o sedentarismo - que pode influenciar diretamente os filhos e outros familiares.
Então mesmo que haja alguma predisposição genética para o diabetes mellitus tipo 2, é muito importante seguir um estilo de vida mais saudável para aumentar as chances de evitar a doença.
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