Doação de medula óssea: será que sou compatível?
- faissolnatalia
- há 8 horas
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A doação de medula óssea, muitas vezes, é a única chance de cura para pacientes com doenças graves do sangue, entre elas, leucemia, linfomas e anemias

A medula óssea é um tecido gelatinoso que fica no interior dos nossos ossos. Ela produz todas as células do sangue – glóbulos vermelhos (transporte de oxigênio), glóbulos brancos (imunidade) e plaquetas (coagulação). O Transplante de Medula Óssea (TMO), muitas vezes, é a única chance de cura para pacientes com doenças graves do sangue, entre elas, leucemia, linfomas e anemias. Respondendo à pergunta do título do artigo: é possível que você seja compatível com alguém no planeta que neste momento precisa receber uma medula óssea para recuperar a saúde e viver.
Para que o TMO seja bem-sucedido é essencial que doador e receptor sejam compatíveis. É a genética que investiga e determina por meio de exames se há compatibilidade. Em resumo, para ser compatível é preciso que os genes HLA (sigla de Human Leukocyte Antigen) do doador e receptor sejam muito semelhantes. Quanto mais parecidos, menores são as chances do organismo do receptor rejeitar a nova medula. A compatibilidade entre os genes HLA é ainda mais importante do que a do tipo sanguíneo, que pode ser ajustada com tratamentos no caso de incompatibilidade.
Doação de medula óssea: quais os tipos de transplante?
O TMO pode ser autólogo ou alogênico. No autólogo, as células são retiradas da medula do próprio paciente, congeladas e tratadas com quimioterapia ou radioterapia de alta dose para eliminar células doentes. Depois, elas são introduzidas de volta no paciente para restaurar a produção de células saudáveis. Entre as vantagens desse tipo de transplante estão a não dependência de um doador externo compatível e o menor risco de rejeição, uma vez que o receptor recebe suas próprias células.
No TMO alogênico, as células-tronco vêm de um doador, que pode ser alguém da família, um irmão ou irmã, por exemplo, que seja compatível. As chances de compatibilidade entre irmãos de mesmos pai e mãe é de cerca de 25%. Esgotada essa possibilidade sem resultado positivo de compatibilidade, a alternativa é buscar um doador externo, que tenha uma composição genética semelhante ao do receptor.
Você pode virar o jogo
A busca desse doador é feita no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), um banco de dados com informações de pessoas de todo o Brasil que se voluntariaram a ser doadores. O Redome também pode pesquisar em registros internacionais.
É nesse ponto que sua solidariedade pode virar o jogo. Quanto mais pessoas inseridas no Redome, mais chances de encontrar um doador compatível. Para se tornar um doador, você precisa ter entre 18 e 35 anos de idade e se cadastrar em um processo descomplicado. Está tudo explicado no site do Redome, acesse aqui
A doação de medula não é realizada no momento do cadastramento. É diferente do processo de doação de sangue, que é mais conhecido pelas pessoas.
No caso da doação de medula óssea, são retirados 10 ml de sangue para avaliar a compatibilidade do doador com pacientes que precisam do transplante. Os dados ficam registrados e quando houver um receptor compatível, você é procurado para decidir sobre efetivar a doação. Nesse passo inicial é muito importante manter seus dados atualizados para que o Redome consiga fazer contato com você.
Diferentes métodos de doação de medula
No caso de você ser compatível com um paciente e confirmar o desejo de doar, fará todos os exames necessários para verificar sua saúde. Existem dois diferentes métodos de doação de medula óssea. O método mais adequado para cada doador é decidido pelo médico, considerando o melhor para o doador e receptor.
A doação de medula óssea no centro cirúrgico é feita sob anestesia geral. O cirurgião faz algumas punções com ajuda de agulhas nos ossos da bacia do doador para coletar o volume necessário de medula óssea. O conteúdo é armazenado em bolsas de sangue e filtrado. Depois, o receptor recebe as células na veia por meio de um cateter.
A coleta de medula óssea por aférese é mais simples. Antes do procedimento, o doador toma uma medicação por cinco dias para aumentar a quantidade de células-tronco em seu sangue. A doação é realizada através de uma máquina de aférese que colhe o sangue, separa as células-tronco e devolve os elementos que não são necessários para o receptor. É um processo muito parecido com a doação de plaquetas em bancos de sangue. Não é preciso internação ou anestesia.
Onde está o doador?
Aqui no Brasil, um dos desafios da doação de medula óssea é não conseguir encontrar o doador quando há um receptor compatível, precisando realizar o procedimento o mais rápido possível. Isso porque muitas vezes as pessoas mudam de endereço e telefone e esquecem de atualizar as informações no cadastro.
Parece uma questão simples de resolver, mas a realidade mostra o contrário. Apesar das campanhas de conscientização realizadas ao longo de cada ano, esse ainda é um desafio que precisamos vencer.
Você pode dar o primeiro passo. Reflita sobre a possibilidade de se tornar um doador de medula óssea e se você decidir contribuir com essa causa, cadastre-se e mantenha as informações de contato atualizadas para que no momento que aparecer a oportunidade, você possa salvar uma vida.



